terça-feira, 28 de agosto de 2007

Entrevista Revista Contigo




Ana Luísa é discreta. Renée de Vielmond, 53 anos, é mais. Distante das novelas há 12 anos, desde Explode Coração (1995), a atriz nascida no Rio de Janeiro ganhou uma aliada importante nessa volta. Uma personagem que, traída por Tony Ramos, 58, deu o troco com Rodrigo Veronese, 36, e que volta a Paraíso Tropical nos últimos capítulos da trama. Renée soma 40 anos de carreira, iniciada aos 13 no filme Em Compasso de Espera, de Antunes Filho, e marcada por papéis ao lado de Tarcísio Meira, como em Escalada (1975) e Brilhante (1981). No quesito relacionamentos, é extremamente reservada. Não diz se está solteira ou não desde sua separação, em 1984, do segundo marido, José Wilker, 61, com quem viveu durante oito anos e teve uma filha, Mariana, 26. O primeiro marido foi o também ator Nilson Condé. Confira o que pensa a atriz.

"Sou muito tímida. E essa minha característica só deixa de existir na hora em que interpreto. Sou quieta, reservada. A minha liberdade desabrocha no contido e não no aberto. Sou feliz dessa maneira, sou uma pessoa 'insuberante' (risos)." "Nunca aconteceu. Nunca me envolvi com um homem mais jovem. Acho que hoje não me envolveria. Mas a diferença de idade não interfere num casamento. Conheço alguns casais em que a mulher tem mais idade e que encontraram um ponto de equilíbrio. Se acho que as mulheres estão aceitando a infidelidade em nome do casamento? Infelizmente, sim. Mas cada casal tem sua singularidade."

"Casamentos duram a vida inteira. Conheço vários. Penso que é melhor viver casada do que solteira, mas também não se deve casar com medo da solidão. É fundamental aprender a viver sozinha. Apenas sabendo viver a sós é que o casamento tem a possibilidade de ter uma durabilidade maior. Mas o mais difícil numa relação é quando cada um não consegue separar sua identidade."

"Às vezes me considero bonita, às vezes não. Depende do momento. O tempo traz sabedoria e torna a mulher mais interessante. O corpo de uma mulher madura é um corpo com vivência, com história, com marcas. Acho isso encantador."

"Eu sou mais casual do que Ana Luísa. Uso calça jeans, camisetas, sou mais básica. O público projeta uma imagem de requinte e beleza que não corresponde à realidade. Eu tenho um cotidiano comum, caminho pelo Leblon, onde moro, tomo banho na Prainha no fim da tarde, gosto de ir a pequenos comércios, como sebos, livrarias, tomar café com os amigos, fazer uma trilha ecológica que tem perto da minha rua. Tenho uma vida provinciana."

"Envelhecer não me assusta, de jeito nenhum. É uma frase banal, mas o grande desafio para uma mulher que envelhece é aceitar as marcas do tempo. Não uso um creme no rosto desde que a novela começou! Eu esqueço de usar (risos)! Uso um hidratante e mais nada. O que faço é beber muita água, caminho, faço trilhas ecológicas. A minha vaidade vai para esse caminho da saúde. Adoro perfumes. Tenho uma coleção. Uso cada perfume para um momento diferente. Também faço análise freudiana ortodoxa há 23 anos. É fundamental pra mim."

"Tenho um bom relacionamento com o Zé (Wilker).Nós temos uma filha maravilhosa (Mariana) que amamos muito e que é o nosso bem mais maravilhoso. Tive três mestres na vida: meu professor de interpretação russo, quando eu tinha 15 anos, Eugênio Kusnet; o diretor Antunes Filho, com quem fiz meu primeiro trabalho profissional; e o Zé, com quem aprendi a ouvir música, a entender um filme, uma peça de teatro, a conhecer as cidades... Nós viajamos muito."

"Sou uma mãe bastante presente. Uma mãe com quem Mariana pode contar sempre e a hora que quiser. Uma mãe que gosta de desempenhar esse papel e que é muito orgulhosa da filha que tem. Ela é formada em psicologia, fez faculdade de cinema e hoje é escritora e está escrevendo o roteiro do próximo filme de Cacá Diegues."

Ana Luísa é discreta. Renée de Vielmond, 53 anos, é mais. Distante das novelas há 12 anos, desde Explode Coração (1995), a atriz nascida no Rio de Janeiro ganhou uma aliada importante nessa volta. Uma personagem que, traída por Tony Ramos, 58, deu o troco com Rodrigo Veronese, 36, e que volta a Paraíso Tropical nos últimos capítulos da trama. Renée soma 40 anos de carreira, iniciada aos 13 no filme Em Compasso de Espera, de Antunes Filho, e marcada por papéis ao lado de Tarcísio Meira, como em Escalada (1975) e Brilhante (1981). No quesito relacionamentos, é extremamente reservada. Não diz se está solteira ou não desde sua separação, em 1984, do segundo marido, José Wilker, 61, com quem viveu durante oito anos e teve uma filha, Mariana, 26. O primeiro marido foi o também ator Nilson Condé. Confira o que pensa a atriz.

"Sou muito tímida. E essa minha característica só deixa de existir na hora em que interpreto. Sou quieta, reservada. A minha liberdade desabrocha no contido e não no aberto. Sou feliz dessa maneira, sou uma pessoa 'insuberante' (risos)." "Nunca aconteceu. Nunca me envolvi com um homem mais jovem. Acho que hoje não me envolveria. Mas a diferença de idade não interfere num casamento. Conheço alguns casais em que a mulher tem mais idade e que encontraram um ponto de equilíbrio. Se acho que as mulheres estão aceitando a infidelidade em nome do casamento? Infelizmente, sim. Mas cada casal tem sua singularidade."

"Casamentos duram a vida inteira. Conheço vários. Penso que é melhor viver casada do que solteira, mas também não se deve casar com medo da solidão. É fundamental aprender a viver sozinha. Apenas sabendo viver a sós é que o casamento tem a possibilidade de ter uma durabilidade maior. Mas o mais difícil numa relação é quando cada um não consegue separar sua identidade."

"Às vezes me considero bonita, às vezes não. Depende do momento. O tempo traz sabedoria e torna a mulher mais interessante. O corpo de uma mulher madura é um corpo com vivência, com história, com marcas. Acho isso encantador."

"Eu sou mais casual do que Ana Luísa. Uso calça jeans, camisetas, sou mais básica. O público projeta uma imagem de requinte e beleza que não corresponde à realidade. Eu tenho um cotidiano comum, caminho pelo Leblon, onde moro, tomo banho na Prainha no fim da tarde, gosto de ir a pequenos comércios, como sebos, livrarias, tomar café com os amigos, fazer uma trilha ecológica que tem perto da minha rua. Tenho uma vida provinciana."

"Envelhecer não me assusta, de jeito nenhum. É uma frase banal, mas o grande desafio para uma mulher que envelhece é aceitar as marcas do tempo. Não uso um creme no rosto desde que a novela começou! Eu esqueço de usar (risos)! Uso um hidratante e mais nada. O que faço é beber muita água, caminho, faço trilhas ecológicas. A minha vaidade vai para esse caminho da saúde. Adoro perfumes. Tenho uma coleção. Uso cada perfume para um momento diferente. Também faço análise freudiana ortodoxa há 23 anos. É fundamental pra mim."

"Tenho um bom relacionamento com o Zé (Wilker).Nós temos uma filha maravilhosa (Mariana) que amamos muito e que é o nosso bem mais maravilhoso. Tive três mestres na vida: meu professor de interpretação russo, quando eu tinha 15 anos, Eugênio Kusnet; o diretor Antunes Filho, com quem fiz meu primeiro trabalho profissional; e o Zé, com quem aprendi a ouvir música, a entender um filme, uma peça de teatro, a conhecer as cidades... Nós viajamos muito."

"Sou uma mãe bastante presente. Uma mãe com quem Mariana pode contar sempre e a hora que quiser. Uma mãe que gosta de desempenhar esse papel e que é muito orgulhosa da filha que tem. Ela é formada em psicologia, fez faculdade de cinema e hoje é escritora e está escrevendo o roteiro do próximo filme de Cacá Diegues."




A História de Renée de Vielmond
A atriz Renée de Vielmond está passeando por outras praias. Aluna dedicadíssima do curso de História na PUC do Rio de Janeiro, ela considera essa mudança de percurso uma verdadeira façanha.

Por onde anda Renée de Vielmond? Sem participar de novela há algum tempo, a atriz vem se dedicando com unhas e dentes à faculdade de História na PUC do Rio de Janeiro. O entusiasmo com a nova empreitada é tanto que a atriz só pôde dar entrevista ao Bolsa de Mulher no período de férias. "Com toda a vida movimentada que tive, esta é a primeira experiência que considero uma aventura. O que me interessa neste curso é o processo, o caminhar e não o bacharelado", confessa a futura historiadora.

A veia artística da atriz despontou bem cedo. Mais precisamente aos cinco meses quando representou o menino Jesus na manjedoura num auto de Natal em pleno picadeiro do Grande Circo Nerino, fundado por seus antepassados. Anos depois, com apenas 17 anos, a artista teve sua estréia profissional como protagonista do filme "Em compasso de espera", do célebre Antunes Filho. Das telas e palcos para TV foi um pulo. Renée atuou em "Meu pedacinho de chão" , de Benedito Rui Barbosa, assinou contrato com a TV Globo e mudou-se para o Rio. O país passou, então, a conhecer seu carisma e a artista experimentou as vantagens e desvantagens que a fama traz. "Somos excessivamente vigiados e controlados. A única lição que retirei desta experiência foi a de que não podemos abrir mão de exercer nossa cidadania, custe o que custar. O artista, antes de ser artista, é um cidadão", desabafa.

Em 1986, já como atriz de prestígio, recebeu um convite irrecusável para posar para a Playboy: "O trabalho foi elaborado com direção de arte de Marisa Alvarez Lima e sem qualquer interferência da Editora Abril no trabalho final", relembra. A atriz revela que faria outro ensaio fotográfico nu se fosse em preto e branco, levasse de novo a assinatura da Marisa Alvarez Lima e não fosse publicado em revistas. Ttímida, Renée não gostaria de expor sua intimidade de novo.

Vivendo num aconchegante apartamento no Leblon, em companhia da filha Mariana, 22 anos, Renée diz lucrar com sua solteirice. "Num ponto da minha vida, desenvolvi um terror fóbico à paixão, à relação primitiva, simbiótica, idealizada, surda e cega" e gasta sua afetividade com a família, os amigos , o trabalho e o estudo. Para quem tem saudades de seu sorriso meigo, a promessa é de voltar para a telinha assim que puder. Seja como atriz, apresentadora de programas educativos ou fazendo locução.

A História de Renée de Vielmond > Renée nos mínimos detalhes
Incrivelmente tímida, a futura historiadora comenta sobre família, relacionamento amoroso, pãnico de palco e o curso na faculdade. Revela, ainda, que nada é planejado em sua vida.

Bolsa de Mulher - Você é tímida? O assédio do público te incomoda?

Renée de Vielmond - Sou muito tímida, sim. Tenho pânico de palco e raramente faço teatro. Na PUC, quando tem apresentação de trabalho, eu não consigo usar os recursos técnicos de atriz e fico tão nervosa, suando e tremendo, como se fosse minha estréia teatral. Freqüentemente peço a um ou outro professor que me libere de apresentar publicamente um trabalho de final de curso. Já passei por momentos de pavor. Quanto ao assédio, isto não existe na PUC. Sou muito integrada com os alunos, professores e funcionários. Já me acostumei ao assédio na rua, nunca deixei de ir ao banco ou ao supermercado por conta disto. Isto está perfeitamente incorporado no cotidiano da vida. O que me incomoda muito são os telefonemas inconvenientes para minha casa e quando viajo e interrompem meu descanso. De resto, tenho que conviver em paz com o assédio, pois fui eu que escolhi trabalhar em televisão. Tive também experiências maravilhosas como, por exemplo, quando Mariana, Fernando Puga e eu fomos assistir aos Rolling Stones. Pude assistir ao show no gramado na maior tranqüilidade e alegria apesar de estar no ar com "Pátria Minha".

BM - Qual o lado mais difícil de um relacionamento a dois?

RV - Acredito que sozinho tem-se maiores possibilidades de desenvolvimento profissional, maior autonomia, maior privacidade e maior acesso a diversas experiências. O relacionamento a dois pede um espírito democrático de convivência e uma aceitação da diversidade que se não acontece dos dois lados, leva um dos dois a abrir mão de aspectos fundamentais para um desenvolvimento pleno de suas aspirações e necessidades. Isto vale tanto para o homem quanto para a mulher.

BM - Como anda a tua vida afetiva?

RV - Num ponto da minha vida, desenvolvi um terror fóbico à paixão, à relação primitiva, simbiótica, idealizada, surda e cega. Portanto, pelo menos agora, a solteirice é um projeto positivo e desejado. Estou muito feliz descasada. Por enquanto, gasto a minha afetividade com a família, os amigos, o trabalho e o estudo. Mas sei que nos próximos anos enfrentarei mudanças tremendas que provavelmente me ajudarão a desencalhar deste medo da relação amorosa. Eu já achei que tinha mudado de continente e queimado as caravelas, mas não. Eu gostaria de viver outra vez uma boa relação com um bom companheiro, sim.

BM - Quais os valores que você transmitiu para sua filha?

RV - Passo valores nos quais acredito que são a importância de se estabelecer compromissos mútuos com os outros, de associar bom caráter e experiência, a necessidade de se cumprir obrigações formais e a atribuição de valores éticos nas relações com os outros e na relação consigo mesmo e o respeito pelo espaço público. Eles são várias vezes confundidos com virtudes abstratas.

BM - Qual a sensação de freqüentar a mesma faculdade da sua filha Mariana? Vocês se encontram pelos corredores da PUC?

RV - Acho que isto incomoda mais a mim do que a ela . Freqüentamos turnos diferentes e nunca nos encontramos lá dentro. Mesmo que eu estude com algumas mães que tranqüilamente têm seus filhos estudando na PUC, eu ainda me sinto constrangindo a Mariana. Já tive como colega de turma duas das melhores amigas da minha filha e foi tudo normal. Sei que é impossível dividir uma sala de aula com minha filha e isto seria totalmente desnecessário. As coisas se ajeitaram dessa maneira e está excelente assim. Acho que não estamos nos atrapalhando. Os espaços de cada uma estão rigorosamente preservados.

BM - O desejo de estudar História é novo ou é um sonho antigo? Como você deu partida a esta aventura universitária? Quando termina o curso?

RV - É mesmo, é uma aventura estudar! Com toda a vida movimentada que tive, esta é minha primeira experiência que considero uma aventura. Mas eu considero estudar um ato de criação porque a criação é também você sair do seu mundo, do mundo no qual você estava acostumado a viver. Comecei a trabalhar muito cedo, respeitando o lugar que me foi atribuído no mito familiar . Trabalhei muito e com grande retorno. Casei, tive minha filha, descasei e nisto se passaram trinta anos. Num intervalo de novela, comecei a estudar inglês, depois fiz uma oficina literária e de repente passei no vestibular pra História na PUC. Nada, absolutamente nada, foi planejado. Aliás, como nada foi planejado em minha vida: nem trabalho, nem maternidade, nem viagens... Comecei, então, a fazer o curso de História e me apaixonei perdidamente por estudar, de uma maneira que jamais imaginei. No princípio, armei um esquema que deu certo e passei a trabalhar como atriz só nas férias da PUC e consegui assim preservar tanto o curso , quanto o ofício de atriz. Mas, de uns tempos pra cá, todos os convites para cinema, teatro e televisão têm surgido nos períodos letivos e é rigorosamente impossível conciliar as duas atividades, muito pela minha maneira ciclópica de estudar e trabalhar pois promovo intensos mergulhos quando estudo e trabalho. Não abro mão desse tempo de imersão que me alimenta. Tenho em mente que vou ter de trancar o curso de História para voltar a trabalhar e, mais tarde, parar de trabalhar outra vez para retomar o curso. Terei que ir alternando anos de estudo com anos de trabalho. E desta maneira irei vivendo, de uma maneira que só serve pra mim, que ninguém me tome como exemplo, principalmente os jovens.. O curso pra mim não tem uma utilidade prática, uma aplicabilidade imediata. O conhecimento não faz sentido só se tiver uma funcionalidade...isto é redutor. O que me interessa neste curso é o processo, o caminhar e não o bacharelado, o diploma. Dificilmente conseguirei fazer uma carreira acadêmica, digo mesmo que não tenho nenhum futuro na academia. Não quero me enganar nem enganar a ninguém. Mas estudar História é fundamental pra mim, é o meu fio terra que me dá consciência do processo histórico e me ajuda a me posicionar na vida e a entender criticamente as circunstancias da realidade que nos cerca.

BM - Você é feliz?

RV - Eu me sinto feliz em muitos momentos de minha vida. Tanto pode ser quando recebo reconhecimento por um trabalho profissional que executei bem ou quando na madrugada maravilhosa em que minha filha nasceu ou quando, do meu ponto de vista, "o extraordinário acontece no ordinário": uma boa refeição numa mesa bem posta , um encontro com um amigo, a leitura de um livro, caminhar na Floresta da Tijuca, nadar vendo o pôr-do-sol na Barra de Guaratiba, rever o jardim de rosas de minha avó em Junqueiro, Alagoas, tantos e tantos milhares de momentos felizes .....nós ficaríamos conversando horas e horas...

Por onde anda Renée de Vielmond? Sem participar de novela há algum tempo, a atriz vem se dedicando com unhas e dentes à faculdade de História na PUC do Rio de Janeiro. O entusiasmo com a nova empreitada é tanto que a atriz só pôde dar entrevista ao Bolsa de Mulher no período de férias. "Com toda a vida movimentada que tive, esta é a primeira experiência que considero uma aventura. O que me interessa neste curso é o processo, o caminhar e não o bacharelado", confessa a futura historiadora.

A veia artística da atriz despontou bem cedo. Mais precisamente aos cinco meses quando representou o menino Jesus na manjedoura num auto de Natal em pleno picadeiro do Grande Circo Nerino, fundado por seus antepassados. Anos depois, com apenas 17 anos, a artista teve sua estréia profissional como protagonista do filme "Em compasso de espera", do célebre Antunes Filho. Das telas e palcos para TV foi um pulo. Renée atuou em "Meu pedacinho de chão" , de Benedito Rui Barbosa, assinou contrato com a TV Globo e mudou-se para o Rio. O país passou, então, a conhecer seu carisma e a artista experimentou as vantagens e desvantagens que a fama traz. "Somos excessivamente vigiados e controlados. A única lição que retirei desta experiência foi a de que não podemos abrir mão de exercer nossa cidadania, custe o que custar. O artista, antes de ser artista, é um cidadão", desabafa.

Em 1986, já como atriz de prestígio, recebeu um convite irrecusável para posar para a Playboy: "O trabalho foi elaborado com direção de arte de Marisa Alvarez Lima e sem qualquer interferência da Editora Abril no trabalho final", relembra. A atriz revela que faria outro ensaio fotográfico nu se fosse em preto e branco, levasse de novo a assinatura da Marisa Alvarez Lima e não fosse publicado em revistas. Ttímida, Renée não gostaria de expor sua intimidade de novo.

Vivendo num aconchegante apartamento no Leblon, em companhia da filha Mariana, 22 anos, Renée diz lucrar com sua solteirice. "Num ponto da minha vida, desenvolvi um terror fóbico à paixão, à relação primitiva, simbiótica, idealizada, surda e cega" e gasta sua afetividade com a família, os amigos , o trabalho e o estudo. Para quem tem saudades de seu sorriso meigo, a promessa é de voltar para a telinha assim que puder. Seja como atriz, apresentadora de programas educativos ou fazendo locução.




Renée e a filha Mariana estudam na PUC mas não se encontram nem vão juntas para a aula



Um anjo na platéia
Após assistir à peça Blackout, em
1967, Renée foi surpreendida pelo diretor do espetáculo, Antunes Filho. “Ela era o anjo que eu procurava”, lembra ele. Protagonizou o único longa de Antunes, Em Compasso de Espera (1). “Ele exigiu que eu lesse Princípios Fundamentais da Filosofia, de Pulitzer. Era uma menina, não entendia nada”, lembra. Aos 16 anos, estreou na telona. “Minha carteira profissional foi batizada por Antunes em 1º de junho de 1970”, conta. Em 1971, em Meu Pedacinho de Chão, da TV Cultura (2). No teatro, em 1975 (3) e em 1980, com José Wilker e a filha Mariana (4). “Não somos amigos, somos separados.”





Renée em Anjo Mau, exibida pela Globo em 1976 (1) e como a fotógrafa Kelly de Eu Prometo em 1983 (2). Em seu último trabalho, interpretou também uma fotógrafa em Explode Coração, em 1996, (3) e fez par romântico com o ator Rodrigo Santoro. O contrato com a Globo venceu em maio. “Sentimos sua falta”, diz Beatriz Segall. “Renée me estimulava a escrever”, conta Lauro Cesar Muniz.

Renée de Vielmond


Aos 47 anos, a atriz que foi um dos rostos mais lindos da tevê nos anos 70 revela que foi infeliz por mais de 30 anos, diz que, se pudesse, não seria atriz novamente e investe numa nova vida fazendo faculdade de História

A atriz Renée de Vielmond mirou a sala 402 da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Sob olhares curiosos, entrou e sentou-se numa carteira da primeira fila. Chegou uma hora antes para a aula das 8 horas. Alguns colegas foram cumprimentá-la. “A maioria deles lembrou-se de mim em novelas antigas, de quando eram pequenos”, diz.
Era o início de uma revolução na vida de um dos mais belos rostos da televisão brasileira. Ex-mulher do ator José Wilker e símbolo de beleza nas novelas da Globo nos anos 70, Renée estreava na faculdade de História da PUC. Não era uma simples volta às aulas. E não por acaso escolhera uma carreira tão atrelada ao passado.
Na hora da chamada, um susto. Flávia Eyler, professora de História Medieval, disse-lhe, na frente de todos: “Sei o que você procura aqui. É a normalidade”. A observação da mestra a atingiu. Durante a aula, Renée chorou baixinho. “Foi quando eu entendi o que estava fazendo naquela sala de aula”, diz ela, três anos depois.
Naquele primeiro dia de aula, a artista começou a revisão da sua história. Hoje, a universitária Renée de Vielmond, 47 anos, consegue voltar o olhar para o seu passado e afirmar: “Eu não seria atriz”. Numa época em que oito entre 10 jovens no País alimentam o desejo de ser artista, Renée, que viveu a glória do estrelato, demole o mito da profissão dos sonhos. Pelo menos para si mesma.
Estrela de 14 novelas, quatro peças e três filmes, essa história não lhe bastou. “Sempre senti um vazio que aumentou com o tempo. E eu sabia que a profissão de atriz não o preencheria”, diz. O que não quer dizer que está dando adeus à carreira. Pelo contrário, precisa dela inclusive para se sustentar e aguarda um chamado para voltar ao vídeo.
Afastada da Globo desde Explode Coração, exibida em 1996, Renée expõe angústias e decepções de quem dedicou todo fôlego a mais de 30 anos de carreira. “Não fui feliz por 33 anos. Percebi que não dei conta de ser mulher, atriz e mãe ao mesmo tempo e resolvi desmontar a farsa da Mulher Maravilha”, confessa. “Perdi muito tempo.”
Embora reconheça seu talento, ela duvida da vocação. “Sempre fui uma atriz amadora. Nunca planejei minha carreira”, afirma. A atriz fez sucesso em Escalada (Globo, 1974), na primeira versão de Anjo Mau (Globo, 1976) e como a fotógrafa Kely de Eu Prometo (Globo, 1983), par romântico do protagonista Francisco Cuoco. Em seu último papel, interpretou uma mulher mais velha que se apaixonou por um jovem vivido pelo ator Rodrigo Santoro. Na decoreba de textos, ela acha que não construiu um espírito empreendedor.
Se pudesse ter escolhido um trabalho na tevê hoje, Renée gostaria de ter atuado em Terra Nostra, de Benedito Ruy Barbosa ou em Aquarela do Brasil, de Lauro Cesar Muniz. “Tenho saudades dela e daquela época. Renée me estimulava a escrever”, diz Muniz, também autor de Escalada. “É uma das poucas atrizes que constróem a personagem exatamente como o escritor a imagina.”
A colega Beatriz Segall, com quem atuou em Barriga de Aluguel, exibida na Globo em 1991, faz coro. “É excelente profissional. Gostaria que voltasse”, diz. “Sentimos sua falta, é uma das pessoas mais bem educadas que já conheci.”
Para o dramaturgo Aderbal Freire Filho, que escreveu a peça Izabel, em cartaz com Maitê Proença, a insatisfação de Renée é compreensível. “A tevê massacra o artista. Foi o que aconteceu com Renée”, diz.
Jovem do fim dos anos 60, ela acredita que a escolha pela carreira artística foi ideológica. “Era comum abandonar instituições para conquistar a independência”, diz ela, filha de um casal que, junto, ostenta cinco diplomas – Direito, Letras, Engenharia, Sociologia e Economia. Antes do diretor Antunes filho descobri-la, Renée morou em sete capitais do Brasil por causa do pai, engenheiro de uma multinacional.
Hoje, o peso da fama talvez tenha desenfreado a busca por uma vida de gente anônima. “Eu me encontrei na sala de aula”, diz. Aplicada, apelou no início do curso para um gravador. Só assim acompanhava as aulas relaxada. Com dificuldades em se adequar ao computador, faz os trabalhos à mão, com sua inseparável caneta-tinteiro. “Ela anota tudo e surpreende com seus trabalhos”, conta a professora de Cultura Brasileira, Graça Salgado.
Renée deu partida a sua aventura universitária quando bateu os olhos num anúncio de vestibular. Recortou do jornal e guardou na bolsa. Em menos de dois meses, prestava vestibular. Acostumada a decorar textos de Sófocles a Janete Clair, ela se viu diante de problemas de química e física, que respondeu recorrendo a experiências domésticas. “Lembro de uma questão sobre uma caixa d’água que resolvi de acordo com explicações de encanadores”, diverte-se.
Passou em 8º lugar na lista de aprovados para o curso. O desempenho ganhou nota em um jornal carioca em 14 de julho de 1997, data de seu aniversário. Nas páginas de seu diário, também mereceu destaque. Renée registra fatos desde os 13 anos, e acumula 30 volumes.
DINHEIRO NO FIM A faculdade vai de vento em popa, mas o bolso não. O contrato com a Globo venceu em maio e não foi renovado. O pé-de-meia está no fim. “Tenho conta para pagar”, diz. A faculdade custa R$ 443,08 por mês, além do material. Os livros mais caros ela pega emprestados na biblioteca da PUC ou pede de presente a amigos em datas especiais, como aniversário e Natal. “Não sou moça, rica ou bem-casada”, diz ela, que este ano deu entrada em sua aposentadoria.
Renée freqüentou as aulas no segundo semestre de 1997 e trancou por dois anos. Contratada da Globo, recebia 60% do salário e poderia ser chamada. Ficou dois anos à espera de um convite. Depois, decidiu voltar à faculdade. Agora, vive um dilema: “Se voltar a trabalhar, terei de trancar a faculdade de novo”.
Mariana, de 20 anos, sua filha com José Wilker, preocupa-se com a eventual volta. “Às vezes ela pergunta: ‘Mãe, você não vai trabalhar?’.” Fruto de um casamento de dez anos da atriz com o ator, Mariana faz psicologia na mesma universidade. “Minha mãe estava precisando se dar essa chance”, diz Mariana. As duas moram num apartamento de três quartos no Leblon, zona sul do Rio, e fizeram um pacto de não ir ou voltar juntas da faculdade nem de se encontrar nos intervalos. “Tinha medo de invadir o espaço dela”, explica Renée.
MEDO DA PAIXÃO CEGA O ex-marido também aplaude a virada da atriz. “Renée é uma mulher que abomina a mediocridade e foi corajosa em dar um tempo para voltar a estudar”, diz José Wilker. A relação dos dois é cordial. Com ela, Wilker divide as despesas da filha. “Não somos amigos, somos separados e ponto. Mas é um ótimo pai.”
Foi na separação que recorreu ao divã. “Em 16 anos de análise, descobri que nasci para ser solteira”, diz ela, que não pensa em se casar mais. “Vivi intensamente o meu casamento e tenho medo de amar ou da paixão cega, surda e simbiótica.” Wilker e Renée se conheceram nas gravações de Anjo Mau. “Morávamos de aluguel e éramos irresponsáveis com o dinheiro”, conta.
Por isso, incentivou a filha a estudar. “Nem deu tempo de ela pedir para ser atriz, fiz lavagem cerebral mesmo”, diz. E, curiosamente, a escolha de Mariana, que estuda psicologia, projeta um desejo remoto de Renée. Quando era criança, queria ser psicanalista. As brigas se limitam ao volume do som, culpa de Renée. Ela adora ouvir MPB e música clássica.
A filha pega no pé quando o assunto é vaidade. Renée guarda num só armário suas roupas de “frio, calor, de gorda e de magra”. Os cabelos, quase sempre, ficam presos. Os amigos não cansam de sugerir um corte “mais moderno”, mas ela reluta. “Sou uma tela em branco”, diz, alisando os cabelos. “E se minha próxima personagem usar cabelo comprido?” Se estivesse livre do compromisso com o visual, Renée pararia de pintá-los. “Deixaria meus cabelos brancos”, diz. Como se a atriz quisesse passar uma tinta branca no passado e começar a pintar a sua nova história.


Linda, meiga, talentosa, charmosa, elegante, fina, educada, comportada, sutil, inteligente, calma, paciente, culta, enfim ficaria aqui enchendo páginas e páginas de elogios à nossa querida Renée, que voltou por cima, após um longo período fora do víedeo.
Sensacional a entrevista dela, juntamente com o Veronezi no Faustão e melhor ainda foram os lances de alguns trabalhos os quais Renée participou. Parabéns ao casal e a produção do Faustão pela brilhante idéia em trazê-los e apresentá-los ao vivo ao grande público brasileiro.Passe o tempo que passar Renée continuará linda como sempre. Torçamos para que o casal de Paraíso Tropical voltem em breve ao vídeo para que possamos matar saudades. Por mais que tente Renée de Vielmond é indiscretivel ela é simplismente Renée de Vielmond.

domingo, 26 de agosto de 2007

Renée de Vielmond no Fantástico